Entrevista: Monik Leme lança álbum e defende ‘movimento decolonizador para a cultura brasileira’

“Eu acredito que seja necessário um movimento decolonizador para a cultura brasileira. Nós, enquanto país historicamente explorado e escravizado, tivemos nossa cultura aniquilada por séculos e aprendemos a apreciar a cultura dos nossos colonizadores. É necessário virar a chave. Precisamos olhar, ouvir, sentir, viver a nossa cultura”. 

Assim declarou a cantora e compositora Monik Leme em entrevista EXCLUSIVA para o portal Música Brasileira Viva. A artista falou sobre seu trabalho mais recente, o álbum ‘Não repara a bagunça’, já disponível em todas as plataformas, e revelou qual sua maior inspiração na música brasileira.

Confira a entrevista abaixo:

[MÚSICA BRASILEIRA VIVA] O que te inspira a compor?

[MONIK LEME] Tudo aquilo que me afeta profundamente de alguma maneira. E isso não diz respeito apenas às coisas que sinto, mas também sobre o que as pessoas que me rodeiam vivem ou sentem. Eu me considero uma pessoa facilmente afetada pelos afetos e acho que essa é a minha maior inspiração. 

[MBV] Normalmente, quando você compõe, o que vem primeiro? A letra ou a música?

[MONIK LEME] Normalmente a melodia. Mas eu acho que, de alguma maneira, a letra já está ali comigo antes da melodia. É como se a melodia me viesse por conta da letra que está ali guardada inconscientemente, sabe? É uma coisa doida, muito doida de explicar, mas bem bacana de viver (rs). 

[MBV] Recentemente, você lançou o álbum “Não repara na bagunça”, com o samba homônimo. Quais os próximos passos na carreira? O que vem de novidade por aí?

[MONIK LEME] Por enquanto só estou curtindo muito a vibe desse álbum, que deu um baita trabalho pra nascer. Não é fácil ser artista independente, então cada projetinho desse deve ser muito bem trabalhado antes de partir pro próximo. E eu quero fazer isso. Por isso, os próximos passos da minha jovem carreira ainda serão sobre esse álbum. Quero produzir clipes e, se tudo der certo, um show de lançamento bem bacana para quem acompanha o meu trabalho. 

[MBV] Quais artistas te inspiram e por que?

[MONIK LEME] A lista é verdadeiramente imensa (risos), mas vou ousar reduzir minhas inspirações a uma única artista: Marisa Monte. Essa mulher me inspira como cantora, compositora, musicista, mulher, ser humano, enfim, aprecio sua vida e obra. Eu acho difícil esse negócio de separar o artista da obra, então os artistas que mais admiro são os com quem me identifico, antes de tudo, com as narrativas de vida. E eu sou completamente apaixonada pelo caminho que Marisa Monte percorreu e percorre no universo musical. 

[MBV] Que ações você acredita que devem ser tomadas para que a cultura e a música brasileira sejam mais valorizadas em nosso país?

[MONIK LEME] Eu acredito que seja necessário um movimento decolonizador para a cultura brasileira. Nós, enquanto país historicamente explorado e escravizado, tivemos nossa cultura aniquilada por séculos e aprendemos a apreciar a cultura dos nossos colonizadores. É necessário virar a chave. Precisamos olhar, ouvir, sentir, viver a nossa cultura. O Brasil é rico e precisamos parar para apreciar isso. Precisamos disseminar a arte daqui para fora e não o contrário. Precisamos que nossos artistas levem a cultura brasileira para fora, não que sejamos apenas apreciadores da cultura gringa. Precisamos fazer os gringos consumirem nossa arte, não somente o contrário. A cultura brasileira precisa desse movimento decolonizador e isso é urgente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.